O céu e o mar. Me dou conta de que há tempos venho colecionando imagens desse encontro. De que minha foto de contato de anos se casa com o nome escolhido sem pensar para chamar nova fase de produções: Navega. Alguns barcos repousam, caravelas, essa singela imagem da busca e da coragem, que vai rasgante e só na imensidão, em busca de paradeiro a repousar. As imagens sempre desembocam no mar, mar de amar e de oceano, como se não se cansasse de tanto remar, apesar de não haver escolha. No céu estão sempre elas, as luzes misteriosas a abençoar todas as criaturas que alcançam. Sem elas não estaríamos aqui. Abençoam e orientam, causando grande comoção ao gênero humano, inclusive aos primeiros filósofos que buscavam entender o movimento dos astros, da terra, nossa pequena e sagrada geometria. Aos primeiros primatas e quantas tantas culturas não se emocionaram e entoaram suas canções diante dessa grandeza. Nós ocidentais fizemos grandes excursões e trágicas, manchando de sangue o infinito azul. Hoje, o céu é o novo mar. NÃO VAMOS REPETIR O MESMO ERRO. Nave vem de navio, vem de veículo, vem de corpos, que são como naves, veículos que vêm e vão. Há alguns anos escrevi algo como maturar imagens e novamente topei com o mar ali, sempre avante. De oceano, de Djavan, esse envólucro mítico que me faz querer acordar todas as manhãs para conhecer um pouco mais dessa imagem tão gigante que fica maturando dentro da gente. Aquela imagem que aparece entre o sonho e o despertar que tudo revela mas que só se conhece de relance. De relançar, alumiar, fazer ser, sacralizar e lançar ao céu, esse ser céu com seu belo órgão de sinfonias ab-surdas, fazendo existir-vibrar qual avalanche tudo o que há.
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